O deputado estadual Rozenha (PMB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) nesta segunda-feira (23/6) para denunciar ações truculentas de agentes federais contra pequenos produtores rurais no município de Apuí, no Sul do Amazonas. De acordo com ele, fazendas produtivas estão sendo invadidas, currais destruídos e propriedades agropecuárias devastadas sob justificativa de combate à pecuária ilegal.
“As árvores daquela região foram derrubadas nos anos 80 por ordem do próprio Governo Federal. Hoje, o que existe ali são famílias que criaram seus filhos, produziram, plantaram, criaram gado. E agora estão vendo tudo ser destruído por agentes do Ibama, ICMBio e Incra, sem ordem judicial, sem diálogo, como se fossem criminosos”, criticou o parlamentar.
Rozenha afirmou que os produtores de Apuí vivem há décadas em áreas oficialmente reconhecidas por políticas públicas, mas agora enfrentam multas milionárias e repressão que, segundo ele, ignora o contexto histórico e produtivo da região. “Tem fazendeiro em Apuí com R$ 180 milhões em multas. Isso é desumano. A vocação de Apuí é pecuarista. O que falta ali é sensatez. É impossível aceitar que se derrubem currais e casas onde nem floresta há mais. É uma afronta à sobrevivência de famílias inteiras.”
‘O que se vê no sul do Amazonas é um povo invisibilizado’
Durante o discurso, Rozenha também questionou o silêncio de autoridades diante da revolta da população local: “As pessoas estão reagindo porque estão sendo esmagadas. Como aceitar calado que destruam tudo que você construiu com as próprias mãos, sem sequer uma decisão judicial? Isso é ilegal, é arbitrário. O sul do Amazonas está sendo empurrado para uma crise social.”
O parlamentar alertou para o risco de conflitos mais intensos se não houver diálogo entre o Ministério do Meio Ambiente e os representantes da região, destacando que o modelo atual de repressão não reconhece a diversidade produtiva e cultural da Amazônia.
Contrato de R$ 13 milhões para balsa na BR-319 é ‘indústria da manutenção’, diz deputado
Rozenha também direcionou duras críticas ao contrato firmado em maio deste ano para manutenção da BR-319, que prevê investimento de mais de R$ 13 milhões apenas para manter o funcionamento de uma balsa improvisada. “Quase R$ 14 milhões pra atravessar carro numa balsa. Isso não é conservação. Isso é negócio. Uma indústria bilionária que impede a reconstrução da rodovia e transforma o direito de ir e vir em privilégio.”
Segundo o deputado, esse tipo de contrato explica por que a BR-319 segue sem pontes definitivas e por que os recursos não são convertidos em infraestrutura duradoura. “Dava pra ter construído as pontes. Um contrato é de R$ 23 milhões, outro de R$ 17 milhões. Mas a balsa, sozinha, já consumiu quase o mesmo valor. É uma máquina de travar o progresso.”
Ministra Marina Silva foi alvo de críticas diretas
O parlamentar também voltou a criticar a atuação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por, segundo ele, ignorar as necessidades da população amazônida e defender interesses externos à realidade regional. “Ela não representa o povo da Amazônia. Representa São Paulo, de onde é deputada. É fácil falar de preservação quando se vive cercado por concreto. Aqui, o leite estraga se não for transportado. Aqui, a estrada é a vida.”
Rozenha afirmou que a BR-319 é essencial não apenas para o transporte de cargas, mas também para salvar vidas e garantir soberania na região Norte.