O livro fomentado pela Fapeam reúne registros de 310 espécies de aves observadas na região
Foto: Capa do livro/ Divulgação
O livro “Espécies de Aves do Rio Cubate: Terra Indígena do Alto Rio Negro” foi vencedor da categoria ciências Biológicas, Biogeografia e Biotecnologia. Apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), a obra reúne registros de 310 espécies de aves observadas na região do Rio Cubate, com informações detalhadas sobre nomes tradicionais, habitats, alimentação e comportamentos.
A obra é resultado do projeto “Biogeografia de aves para conservação e desenvolvimento sustentável na Bacia do Rio Negro”, fomentado pelo edital nº 0007/21- Biodiversa/Fapeam, e conta com o trabalho colaborativo entre pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e de moradores da comunidade Baniwa da aldeia de Nazaré, no município de São Gabriel da Cachoeira (distante a 852 km de Manaus).
O livro foi organizad por Dario Baniwa, Dzoodzo Baniwa, Damiel Legario Pedro, Estevão Fontes Olímpio, Gracilene Florentino Bittencourt, Camila Cherem Ribas, Fernando Mendonça d’Horta e Ramiro Dário Melinski e foi publicado pela editora do INPA.
Doutora em Biologia Genética e uma das organizadoras do livro, Camila Cherem Ribas explica que a obra foi criada de forma coletiva com mais de 130 pessoas, a maioria moradores da comunidade de Nazaré do Rio Cubate, na Terra Indígena do Alto Rio Negro. Receber o prêmio Jabuti Acadêmico foi uma supresa e um reconhecimento ao trabalho realizado com a comunidade.
Segundo a pesquisadora Camila Cherem Ribas, foi uma surpresa, pois todas as decisões foram tomadas em assembléia na comunidade, não houve nenhuma estratégia de fazer um livro que fosse interessante para a comunidade externa à Terra Indígena, e mesmo assim a comunidade acadêmica o viu como uma obra interessante.
“Esse reconhecimento é fundamental, pois mostra que a comunidade acadêmica está compreendendo cada vez mais a necessidade de abrir a ciência feita na academia para reconhecer e colaborar com outras formas de conhecimento, no caso da Amazônia, o conhecimento tradicional de comunidades locais indígenas e ribeirinhas”, comentou a pesquisadora.
Fomento à pesquisa
Para a doutora Camila Cherem Ribas, o apoio da Fapeam é essencial para a difusão da ciência, principalmente, para a difusão do conhecimento científico intercultural, baseado na valorização de saberes locais e conhecimentos científicos.
“Todo o processo foi inteiramente financiado pela Fapeam, incluindo as viagens de campo, as bolsas para os pesquisadores não indígenas, os pagamentos pelos serviços dos pesquisadores indígenas, a diagramação e a impressão do livro. Destaco também a importância do financiamento para levar ao conhecimento dos indígenas e de suas organizações a importância e a potencialidade de colaboração da Fundação”, explicou.
Ela também ressaltou que durante o processo de elaboração do livro, os indígenas, em especial os professores das escolas locais, ficaram muito interessados em conhecer os métodos de pesquisa utilizados na ciência acadêmica.
O estudo “Biogeografia de aves para conservação e desenvolvimento sustentável na Bacia do Rio Negro” culminou no livro e em um artigo publicado na revista Nature em 2023, além de ser foco de uma matéria para a Audubon Magazine em 2024. A lista de aves registradas também será a base para um artigo em preparação, que será coproduzido com os pesquisadores indígenas.
O livro
O livro lançado em 2024, foi escrito em Baniwa, Nheengatu e português. O material alia o conhecimento tradicional dos Baniwa à pesquisa científica, e foi concebido desde o início como ferramenta para fortalecer o ensino nas escolas indígenas e a autonomia cultural das comunidades locais. A obra não apenas registra a biodiversidade do Alto Rio Negro, mas também afirma a potência dos saberes indígenas como base legítima para a produção de conhecimento científico e a conservação ambiental.
Biodiversa
O Programa tem como objetivo, apoiar propostas de pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação, ou de transferência tecnológica, voltadas para caracterização, conservação, restauração, uso sustentável do meio ambiente e exploração sustentável da diversidade amazônica, com vistas à produção de conhecimentos que contribuam para o enfrentamento dos problemas ambientais amazônicos e subsidiem a formulação de políticas públicas de conservação ambiental no Amazonas.
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