O deputado estadual Comandante Dan (Podemos) declarou, nesta segunda-feira (8/9), que as ações de conscientização do Setembro Amarelo são necessárias a toda a sociedade, mas que determinados segmentos profissionais exigem atenção especial.
Realizada desde 2013, a campanha Setembro Amarelo dedica o mês à prevenção do suicídio e à valorização da vida, além de dar visibilidade à importância da saúde mental. O lema de 2025 é “Se precisar, peça ajuda!”. Segundo a Organização Mundial da saúde (OMS), a maioria dos casos de suicídio está relacionada a doenças mentais, muitas vezes não diagnosticadas ou tratadas de forma inadequada.
“Não tenho dúvidas da importância do calendário anual que dedica meses e cores ao combate de doenças. Mas, enquanto policial militar da reserva, tenho uma atenção especial ao Setembro Amarelo. Algumas profissões, como policiais civis, policiais militares e bombeiros militares, são submetidas a uma pressão acima do normal, o que PODE gerar perturbações emocionais profundas que, se não forem tratadas, podem levar ao suicídio. A situação no Amazonas não é nada boa em relação à saúde mental de policiais. Importante destacar que não são apenas os policiais e bombeiros da ativa que são atingidos: alguns só manifestam seus traumas já na reserva”, declarou o parlamentar.
Dados divulgados em plataformas digitais indicam uma preocupação crescente com a saúde mental das forças de segurança no Amazonas, apontando aumento de afastamentos e, em situações mais graves, casos de suicídio. Entre os principais fatores estão o estresse extremo, a exposição constante a traumas e a falta de apoio psicológico adequado, muitas vezes dificultado por estigmas e pela rigidez hierárquica das corporações.
Ranking
Um levantamento recente mostrou que o Amazonas liderou o ranking de suicídios entre policiais na região, registrando crescimento de 300% em 2023. Ainda segundo informações disponíveis, o número de afastamentos de policiais militares por problemas psicológicos ou psiquiátricos tem crescido de forma expressiva.
Em 2019, foram 309 registros; já em 2021 e 2022, os números saltaram para 775 e 757, respectivamente. Por outro lado, a polícia Civil do Amazonas (PC-AM) apresentou redução nesses afastamentos: foram 110 casos em 2023 contra 53 em 2024. No período entre 2020 e 2023, o total chegou a 511 policiais civis afastados por motivos relacionados à saúde mental.
O tema também esteve em pauta no 2º Fórum de saúde Mental Aplicada ao policial Militar, realizado nos dias 6 e 7 de maio deste ano. O evento, promovido pela polícia Militar do Amazonas (PM-AM), contou com recursos de uma emenda impositiva apresentada pelo deputado, no valor de R$ 334.643,00. O encontro reuniu profissionais especializados para compartilhar informações e práticas voltadas ao cuidado psicológico dos policiais.
“Meu mandato parlamentar está aberto a realizar novas iniciativas em favor da saúde mental dos trabalhadores da segurança pública. Essa é uma de minhas prioridades. Infelizmente, os dados sobre saúde mental ainda são muito obscuros, talvez como uma forma de proteger as corporações, mas precisamos ser transparentes e falar abertamente sobre o tema. Cargas exaustivas de trabalho, somadas aos riscos da profissão, inevitavelmente geram transtornos. Não tenho dúvidas. Temos um contingente projetado para 15 mil policiais militares, mas trabalhamos com pouco mais de 8,5 mil. E, mesmo entre esses, nem todos estão em condições de atuar no policiamento e patrulhamento”, destacou Comandante Dan.
Atuação
Na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado tem defendido a convocação dos aprovados nos últimos concursos da segurança pública, além da realização de novos certames anuais. Outro ponto de sua atuação é a luta pelo pagamento das datas-bases de policiais civis, militares e bombeiros militares.
“Policiais e bombeiros têm contas a pagar, famílias a sustentar. Ficaram quatro anos sem reposição das perdas salariais. Fizemos um movimento intenso na Assembleia e conseguimos, a duras penas, algum avanço, com o pagamento de algumas datas-bases. Mas há muito por fazer ainda. Isso interfere diretamente na saúde mental de profissionais da segurança pública”, concluiu o parlamentar.