Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nesta quarta-feira (30/4), o deputado estadual Dr. George Lins (União Brasil) reiterou apelo ao diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), mastologista Gerson Mourão, para que a unidade realize diagnósticos de câncer, hoje limitados por uma ordem de serviço editada em 2022.
Médico uro-oncologista e integrante do quadro efetivo da própria FCecon, Dr. George criticou a normativa vigente, que condiciona a abertura de prontuário à apresentação prévia de biópsia confirmando a presença de câncer.
Segundo ele, isso tem impedido pacientes com lesões claramente suspeitas de receber atendimento ágil na instituição.
“Recebi recentemente casos graves, como o de um paciente com tumor de partes moles e uma mulher com possível câncer ósseo. Mas as portas da FCecon estavam fechadas porque não havia biópsia. Até conseguirem vaga na rede pública, consulta, exame e resultado, perdemos tempo precioso e, às vezes, a chance de cura”, alertou.
Médicos revoltados
Dr. George reconhece a importância do projeto anunciado pela direção da FCecon para criar um Centro Estadual de Diagnóstico Oncológico, mas lembrou que sua implementação levará tempo.
“Enquanto isso não acontece, é dever da FCecon garantir assistência imediata. O hospital não pode apenas prevenir, precisa também diagnosticar. Faz conização no caso do câncer de colo de útero, que é média complexidade, mas se recusa a fazer biópsias em outros casos igualmente urgentes. É incoerente”, afirmou.
O parlamentar disse, ainda, que os próprios profissionais da Fundação estão insatisfeitos com a limitação imposta.
“Muitos médicos estão revoltados. Não podemos igualar os desiguais. Pacientes com câncer não podem ser tratados como os que têm doenças benignas. É desumano”, disse.
Repasses do Estado
Em seu discurso, Dr. George também frisou que o Estado tem feito sua parte ao garantir repasses e estrutura à FCecon, e que a Secretaria de Estado da Saúde está disposta a apoiar, inclusive com recursos humanos, caso haja necessidade. “A Fundação tem autonomia administrativa e financeira. O que falta agora é sensibilidade e decisão por parte da gestão.”
Por fim, o deputado fez um apelo direto ao diretor-presidente Gerson Mourão. “Reúna os médicos, revise essa ordem de serviço e garanta que pacientes com suspeita inequívoca de câncer sejam acolhidos. A FCecon tem a missão de salvar vidas e precisa agir com humanidade”, afirmou.