O deputado estadual Comandante Dan (Podemos) considera que os dados revelados pelo relatório do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) sobre o desmatamento na Amazônia colocam em xeque a autoridade do Executivo federal e estadual, bem como dos órgãos com poder de polícia.
Segundo o documento, Apuí e Lábrea, ambas no Sul do Amazonas, lideraram o ranking de desmatamento da Amazônia entre agosto de 2024 e julho de 2025.
“Em pleno 2025, com o georreferenciamento e tantas tecnologias disponíveis, é inconcebível que o desmatamento, principalmente por queimadas florestais e por correntões, continue ocorrendo sem que ninguém seja devidamente responsabilizado. Dizer que é a época do roçado do caboclo é uma leviandade, usada como desculpa para encobrir os verdadeiros criminosos”, afirmou o deputado.
Comandante Dan considera que grande parte da devastação da Amazônia é capitaneada por facções criminosas, que financiam o que se chama de “narcogarimpo” e “narconegócio”.
O termo “narcogarimpo” surgiu nas comunicações da polícia Federal em 2021, durante a Operação Narcos Gold. Contudo, a conexão entre narcotráfico e garimpo é histórica: já em 1990, um relatório do Serviço Nacional de Informação (SNI) indicava que as frentes de garimpagem na Terra Indígena Yanomami poderiam estar sendo utilizadas pelo tráfico de drogas.
O parlamentar, que preside a Comissão de Segurança Pública, acesso à justiça e Defesa Social (CSPJD) da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), defende uma ação coordenada entre as diferentes esferas de poder para reprimir os crimes ambientais. Para ele, não basta a ação reativa:
“Precisamos de uma ação preventiva, com monitoramento tecnológico e presença efetiva de forças de combate a incêndios nas regiões de maior incidência. Também é fundamental tornar públicos os nomes dos criminosos. Enquanto nos limitarmos a sermos reativos, estaremos enxugando gelo. E digo mais: precisamos de uma força-tarefa que una as forças de segurança federais e estaduais para o controle e patrulhamento da faixa de fronteira. O controle da segurança pública no Amazonas e no Brasil passa por aquela área”, disse.
Legislação
O Comandante Dan é autor da Lei nº 6.987/2024, que estabelece a criação e implantação dos Grupamentos Integrados de Combate a Incêndio e Proteção Civil (GCIPs) nos municípios do interior, visando o combate a incêndios florestais e a realização de ações humanitárias em situações de catástrofe.
A lei busca suprir deficiências no aparelho público, criando bases de atendimento em municípios mais afetados e capacitando brigadistas e efetivos para atuar nessas áreas, fortalecendo a segurança diante das mudanças climáticas. Tanto Apuí, a 800 km de Manaus, quanto Lábrea, a 714 km da capital, possuem brigadas de combate a incêndio.
O estudo do Imazon aponta que as áreas desmatadas em Apuí e Lábrea somam 277 km², o equivalente a 76 campos de futebol derrubados por dia.
Os números representam uma retomada do desmatamento após a redução significativa registrada em 2022 e 2023. Pará, Mato Grosso e Amazonas aparecem nas três primeiras posições, respondendo juntos por 76% do desmatamento e 87% da degradação florestal da Amazônia nos últimos 12 meses.