Na quarta-feira (29/08), o deputado estadual Rozenha (PMB) alertou os parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) sobre a possibilidade de um colapso social e econômico que se aproxima do Estado.
O parlamentar repercutiu os efeitos da previsão feita pelo pesquisador Andre Martinelli, do Serviço Geológico do Brasil.
Segundo o estudo, em 20 dias, o Rio Negro começará a sentir os efeitos da forte estiagem que deixou comunidades inteiras com escassez de insumos e água potável no norte do Amazonas.
“As pessoas ainda não entenderam que não se trata de uma vazante normal. Daqui a 25 dias, será possível atravessar o Rio Purus a pé. Haverá lugares no Rio Madeira sem trafegabilidade nenhuma. A população do Amazonas corre o risco de entrar em colapso”, alerta Rozenha.
Uma das consequências da rápida descida do nível do Rio Negro é notada na decisão do Porto Chibatão – o maior complexo portuário privado da América Latina.
Na terça-feira (28/08), uma megaoperação deslocou metade da estrutura do porto até o município de Itacoatiara. A medida é para evitar o risco de paralisação das operações, devido à projeção de baixo calado do principal rio que abastece a capital.
“Nós estamos falando da maior seca de todos os tempos. Não vai ter como deixar suprimento no Médio Juruá porque não vai ter água para a balsa chegar até lá. Vamos entrar em blecaute humanitário e não percebo nas autoridades nacionais nenhuma movimentação nesse sentido”, disse o deputado.
Para Rozenha, o agravamento da crise climática ganhou proporções humanitárias. A seca de importantes afluentes da região ameaça de fome dois milhões e meio de amazonenses. E o Governo Federal ainda não acenou com possíveis soluções para o problema.
“O Governo Federal diz que não foi avisado da emergência que se aproximava do Amazonas. É um absurdo. Existem mais de 10 ofícios oriundos do Governo do Estado pedindo socorro a diversos ministérios”, criticou.
Segundo o deputado, desde abril, o Amazonas vem alertando os Ministérios do Meio Ambiente, das Cidades, dos Portos e Aeroportos, dos Transportes, da Integração e Desenvolvimento Nacional, além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Hoje, ainda de acordo com Rozenha, todos os 62 municípios amazonenses já estão em situação de emergência devido à seca severa e, até agora, a ajuda federal não foi suficiente.
“Daqui a 20 dias, as imagens vão começar a circular o mundo. E todos vão ficar tristes quando virem o boto morrer, quando virem milhares de jaraquis no lago, de peito para cima, sem oxigênio. Não tivemos o apoio de ninguém. O que está faltando é o Brasil nos enxergar. Nos reconhecer como brasileiros”, afirma Rozenha.